sábado, 13 de março de 2010

A gênesis da Depressão


Para qualquer direção a que voltemos o olhar, vemos a depressão como sendo um mal do homem moderno, obstante ao mediatismo, constrange o homem e imerso, se julga perdido da amplitude das coisas. Há quem cometa esse anacronismo e considere os dias atuais responsáveis e autor principal da bactéria que corrói a alma humana. Nessa crença projetamos para o interior de nós mesmos uma intelecção do que acontece, como sendo forma acabada, e assim sendo nos afastamos para longe do nascedouro, quando deveríamos acolher-nos na contemplação das causas dos argumentos subjetivos e perceber que somos incapazes de lidar com as nossas emoções. Mais não é exagero afirma que a raiz, ou seja, que a depressão tem origem na mutação do homem teológico, que entorpecido pela conveniência manipuladora que o impulsionará a mais miserável degradação, a medida que rompe relação com seu criador. A causa eficiente consiste na transcrição simbólica de nossa vontade de poder, e a resposta prévia que servirá de roteiro as subseqüentes considerações, é a seguinte: A gênesis depressiva, estar na metamorfose do homem teológico em homem biológico. Esta é a razão de todos os males, e motivo do seu vazio existencial, sua fragilidade se acentua a medida que não consegue ser um com seu criador, a criatura experimenta sensações deletéria, inclusive a escuridão em sua alma. Para mostrar ao nosso leitor que a depressão não é uma circunstância temporal, recorremos a alguns textos bíblicos onde seus personagens apresentam sintomas de profunda depressão.

MOISES - E disse Moisés ao SENHOR: Por que fizeste mal a teu servo, e por que não achei graça aos teus olhos, visto que puseste sobre mim o cargo de todo este povo? Concebi eu porventura todo este povo? Dei-o eu à luz? para que me dissesses: leva-o ao teu colo, como a ama leva a criança que mama, à terra que juraste a seus pais? De onde teria eu carne para dar a todo este povo? Porquanto contra mim choram, dizendo: Dá-nos carne a comer; Eu só não posso levar a todo este povo, porque muito pesado é para mim. E se assim fazes comigo, mata-me, peço-te, se tenho achado graça aos teus olhos, e não me deixes ver o meu mal. Números 11.11-15
ELIAS - Ele, porém, foi ao deserto, caminho de um dia, e foi sentar-se debaixo de um zimbro; e pediu para si a morte, e disse: Já basta, ó SENHOR; toma agora a minha vida, pois não sou melhor do que meus pais. 1 Reis 19.4
DAVI - A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando entrarei e me apresentarei ante a face de Deus? As minhas lágrimas servem-me de mantimento de dia e de noite, enquanto me dizem constantemente: Onde está o teu Deus? Quando me lembro disto, dentro de mim derramo a minha alma; pois eu havia ido com a multidão. Fui com eles à casa de Deus, com voz de alegria e louvor, com a multidão que festejava. Por que estás abatida, ó minha alma, e por que te perturbas em mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei pela salvação da sua face. O meu Deus, dentro de mim a minha alma está abatida; por isso lembro-me de ti desde a terra do Jordão, e desde os hermonitas, desde o pequeno monte. Um abismo chama outro abismo, ao ruído das tuas catadupas; todas as tuas ondas e as tuas vagas têm passado sobre mim. Contudo o SENHOR mandará a sua misericórdia de dia, e de noite a sua canção estará comigo, uma oração ao Deus da minha vida. Direi a Deus, minha rocha: Por que te esqueceste de mim? Por que ando lamentando por causa da opressão do inimigo? Com ferida mortal em meus ossos me afrontam os meus adversários, quando todo dia me dizem: Onde está o teu Deus? Por que estás abatida, ó minha alma, e por que te perturbas dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei, o qual é a salvação da minha face, e o meu Deus. Salmos 42.2-11
Em termos clínico percebe-se a escuridão emocional na vida desses personagem. Uma dependência Psicoteológica* instalada como um paradoxo no sentido dualista do homem biológico. Esse dualismo metafisico nada mais é que a complexidade de sua existência, em dado momento se apresenta como substância inorgânica transcendental, em outro como efémera matéria. Razão pelo qual o homem biológico perdido em sua identidade, e se encontrando, ora criatura, ora criador.

Psicoteológica * Trata – se de um neologismo que o autor Manoel F. Santo utiliza para especificar a necessidade psicológica que o homem tem de Deus.




1 comentários:

Débora Benvenuti disse...

Seus textos são maravilhosos. Há muito o que se falar sobre depressão e muitas são as teorias de vários psicanalistas. Difícil é encontrar a raiz de todos os males que afligem a humanidade.
Beijo

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