sábado, 6 de agosto de 2011

ENTREVISTA


 
      Marcia Souza
Pedagoga Petrópolis RJ
        Junho 2011
                                       Além do muro da escola
O mundo humano não é espetáculo de inteligência pura, nem modelagem de ação cega: É obra de mãos inteligente”.  (Ernani Maria Fiori)

1-Ciência e Religião - Segundo Piaget a multidisciplinaridade ocorre quando “A solução de um problema torna necessário obter informação de duas ou mais ciências ou setores do conhecimento sem que as disciplinas envolvidas no processo sejam elas mesmas modificadas ou enriquecidas”. (The epistemology of interdisciplinary relations hips). Como à senhora ver essa fragmentação na construção do saber?
Marcia Souza: O contexto histórico vivido nessa virada de milênio, caracterizado pela divisão do trabalho intelectual, fragmentação do conhecimento e pela excessiva predominância das especializações, demanda a retomada do antigo conceito de interdisciplinaridade que no longo percurso desse século foi sufocado pela racionalidade da revolução industrial.
A necessidade de romper com a tendência fragmentadora e desarticulada do processo do conhecimento justificam-se pela compreensão da importância da interação e transformação recíproca entre a diferente área do saber. Essa compreensão crítica colabora para superação da divisão do pensamento e do conhecimento, que vem colocando a pesquisa e o ensino como um processo reprodutor do saber parcelado que conseqüentemente muito tem refletido na profissionalização, nas relações de trabalho, no fortalecimento da predominância reprodutivista e na desvinculação do conhecimento do projeto global de sociedade.
Para tal, devemos compreender o que Piaget nos apresenta como desenvolvimento intelectual. É como um processo que ocorre durante toda vida e que é concebido em seu aspecto biológico, cognitivos, afetivos e sociais, como um todo, por meio de fase que inter-relacionam e se sucedem até que atinjam estágios da inteligência caracterizados por maior mobilidade e estabilidade, num processo progressivo de adaptação do homem ao meio: assimilação/acomodação e superação constante, em direção a novas estruturas.
Analisando o processo de desenvolvimento mental da criança, Piaget afirma que a inteligência e a afetividade são indissociáveis. A afetividade intervém nas operações da inteligência, estimulando-as ou perturbando-as, podendo comprometer o desenvolvimento intelectual. Os mecanismos afetivos e cognitivos sempre indissociáveis, embora distintos, na medida em que os primeiros depende de uma energética e os segundo, de estruturas.
O processo educacional tem um papel importante ao provocar situações que seja desequilibradoras para o aluno, adequada ao seu desenvolvimento mental, permitindo-lhe a construção progressiva de seus conhecimentos, ao mesmo tempo em que vive intensamente, intelectual e afetivamente, cada etapa de seu desenvolvimento.
O ensino fundamental na teoria piagetiana é baseado na pesquisa, na investigação, na solução do problema por parte do aluno, favorecendo o exercício operacional da inteligência e a elaboração de seus conhecimentos. Nessa proposta cabe ao professor criar situações de aprendizagem, respeitando as características de desenvolvimento do aluno, orientado-o na busca de sua autonomia e realização.
Ainda completo minha resposta com o seguinte: “A maneira como compreendemos, agimos e nos relacionamos no e com o meio está inevitavelmente ligada ao conjunto de valores da sociedade a que pertencemos” (IMENES: 2003), ou seja, tem como suporte, como pensamos o mundo e como construímos o conhecimento.

2-Ciência e Religião - A Compartimentação não tende a frustrar a especialização e acirrar conflitos em outras áreas do conhecimento?
Marcia Souza: A construção do conhecimento inclui várias etapas culminando com o “saber o quê, saber como, saber por que, saber para quê”. Ao obter respostas a essas etapas do saber se estabelece elos necessários para o fio condutor do conhecimento, em relação ao processo de ensino. Ao estabelecer elos, o sujeito em ação garante momentos construídos de forma dinâmica e global dentro de um processo de pensamento, apossando-se do significado da realidade concreta e mobilizando-se para o processo pessoal de aprendizagem.
Partindo deste princípio, o conhecimento para se estruturar, se estabelece e gera novas conquistas, necessita de vários campos/ciências.

3- Ciência e Religião – Segundo Paulo Freire “Antes de mais nada é importante vincar a impossibilidade duma educação neutra, porque dum modo geral e para uma consciência ingênua, isto não é nada óbvio. Todavia, na verdade a neutralidade na educação é impossível, como impossível é, por exemplo, a neutralidade na ciência. Isto quer dizer que não importa se como educadores somos ou não conscientes, a nossa atividade se desenvolve-se ou para a libertação dos homens-, a sua humanização-, ou para sua domesticação”. (Uma educação para a libertação). Freire faz menção, quanto à neutralidade das tendências pedagógicas, qual sua opinião?
Marcia Souza: De uma entrevista dada a Valter Machado Fonseca, destaquei o seguinte: Freire combateu intensamente, o sectarismo, pois ele castra a criatividade, defende a verdade absoluta, acredita nas coisas acabadas, prontas, definitivas. “O sectário só pode enxergar duas cores: o branco e o preto” são incapazes de perceber o restante das cores que compõem o espectro do arco íris. Com a mesma intensidade que combatia o sectarismo, defendia o radicalismo. Para ele “radical” fugia aquilo que os falsos profetas e charlatães preconizavam: aqueles que não se deixam mudar, que não se deixam convencer, que mesmo equivocados permanecem no erro. Pelo contrário, entendia o radicalismo em toda extensão da palavra, ou seja, o que vem de raiz, que mantém suas origens, que defendem seu ponto de vista, mas, dispostos a mudar desde que convencidos. Este era Paulo Freire, um homem comprometido com um ideal, com a militância, com a luta transformadora. Comprometido com a vida, porque acreditava no ser humano, na sua capacidade de transformação, de aprendizagem. Acreditava no papel fundamental da educação, enquanto instrumento de transformação social e construção de outro modelo de sociedade, onde o homem pudesse recuperar sua dignidade.

4-Ciência e Religião - Com os problemas recorrentes na educação no Brasil, a senhora é a favor da utilização de um modelo educacional de outro país? Como, por exemplo, o de Cuba. Apontado pela UNESCO, como sendo os resultados muitos superiores aos demais estudantes da América Latina.
Marcia Souza: O nosso Sistema Educacional é muito bom. Não sou a favor da adoção de modelos de outros países. Temos muitos fatores que interferem em nosso Sistema Educacional, como fatores ligados à nossa história, cultura, economia, diferenças regionais e aspectos geográficos. Mais sempre se procurou utilizar a Educação como viabilização de conteúdos que promovessem os indivíduos. Só que temos muitas realidades dentro de um mesmo país, que se democratiza a cada dia e procura lutar contra a exclusão social, pobreza, a violência e a corrupção. Termino aqui citando parte das palavras de Saviani: “A educação depende da estrutura política e esta também depende do contexto global no qual está inserida. Dessa forma, “Desde que o homem é homem ele vive em sociedade e se desenvolve pela mediação da educação”.

5-Ciência e Religião - A senhora concorda que deveria haver menos filosofia nos cursos de preparação de docentes, e mais técnicas de didática e aprofundamento nos conteúdos que devem ser ensinado?
Marcia Souza: Sim. Porém necessitamos da base teórica para a compreensão da prática. Uma boa prática provém de elementos teóricos bem elaborados, consciência crítica, participação política e compromisso. Para completar, cito palavras de Anísio Teixeira: “O magistério constitui uma das profissões em que a formação nunca se encerra, devendo o professor, terminando o curso regular, continuar pela prática e tirocínio o seu desenvolvimento... Hoje, além dessa prática e desse tirocínio... procura-se dar ao professor estágios, cursos e seminários destinados a apressar e sistematizar as conquistas que somente uma muita longa prática, e aos mais capazes, poderia dar. É o chamado “training in service”, educação no cargo em expansão em todas as profissões de natureza, simultaneamente cientifica e artística”. (TEIXEIRA, Anísio. Curso, estágio e seminário para formação do professor. Entrevista. Jornal do Comércio. Rio de Janeiro, 20 abr. 1958).
6-Ciência e Religião - No Brasil cada escola ensina o que julga mais importante, na série e no momento que entender oportuno. Seria viável ao Brasil, um guia curricular sistematizado para todos os Estados.
Marcia Souza: Termos vários países dentro de um imenso país, várias formações culturais, influências, realidades e necessidades. Apesar de geograficamente sermos únicos, não há unidade sem partes formadoras.
A legalidade é respeitada no direito de todos e no respeito à individualidade, cada Estado adapta a legalidade às suas necessidades.
Citando Darcy Ribeiro: “Nós, brasileiros, somos um povo em ser, impedido de sê-lo. Um povo mestiço na carne no espírito, já que aqui a mestiçagem jamais foi crime ou pecado. Nela fomos feitos e ainda continuamos nos fazendo. Essa massa de nativos viveu por séculos sem consciência de si... Assim foi até se definir como uma nova identidade étnico-nacional, a de brasileiros...”

7-Ciência e Religião - Onde consiste a contribuição de Freire, Fiori e Dussel para construção de uma pedagogia libertadora?
Marcia Souza: O importante para a Pedagogia Libertadora é os estudantes consigam perceber o conhecimento de forma crítica e participativa. Para isso, se aconselha os professores, no inicio do curso, conhecer as histórias de vida e os contextos sociais dos seus alunos. O professor libertador deve estar aberto a aprender com as experiências dos alunos e é interessante que formule parte de seu currículo baseado nestas informações. Independente da disciplina que for ministrar, um professor libertador deve entender o contexto social do ensino e o histórico da sociedade e do mundo ocidental em que vivemos para que possa esclarecer para os alunos e para ele mesmo onde estão e o que estão querendo fazer ali.
Uma das principais propostas da Educação Libertadora é o ensino pesquisa. Através da pesquisa social os alunos podem perceber que o conhecimento também pode e deve ser produzido por eles em sala de aula. Uma tarefa deste tipo de educação é fazer com que os alunos e professores percebam que podem ser mais que meros receptores de teorias prontas e enlatadas. A criatividade e capacidade crítica dos sujeitos em sala de aula devem ser valorizadas.
Vejamos então a contribuição dos teóricos abaixo:
PAULO FREIRE: Um dos maiores pensadores do século XX e aquele que abriu as portas para uma educação transformadora. A grande inovação trazida por ele para seu método foi o diálogo, em que professor e aluno aprenderiam juntos, ao mesmo tempo, acabando com a escola autoritária e dando vida a uma nova escola, democrática e preparadora do homem para o mundo. “Um dos grandes pecados da escola é desconsiderar tudo com que a criança chega a ela. A escola decreta que antes dela não há nada”, dizia.
Para finalizar: “Só aprende aquele que se apropria do aprendido transformando-o em apreendido, com o que pode por isso mesmo, reinventá-lo; aquele que é capaz de aplicar o aprendido-apreendido a situações existentes concretas”
ENRIQUE DUSSEL: Todo o caminho percorrido pela Filosofia da Libertação, desposada por Enrique Dussel, indica a necessidade de superação da ordem posta, para a instituição de uma nova situação onde seja possível a inclusão do pobre, do assalariado, da mulher submissa ao marido da sociedade machista, visando uma ruptura com o modelo conhecido, tido como eurocêntrico e a criação de uma nova realidade. Para o aperfeiçoamento dessa ruptura, o OUTRO ou alter desempenha papel

8-Ciência e Religião - “O homem não pode libertar-se, se ele mesmo não protagonizar a sua história, se não toma sua existência em suas mãos”. Fiori (EP, 66).
A educação libertaria é um processo coletivo, ou individual, podendo ocorrer separado do processo de produção material de existência?
Marcia Souza: Wilhelm Reich dizia que “a família burguesa capitalista espelha e reproduz o Estado”. O mesmo se pode dizer das escolas onde também se pratica a pedagogia autoritária. Educadas dessa maneira, as crianças e os jovens tornam-se obedientes e submissos aos pais, aos professores e ao Estado. Nossos grupos institucionais garantem nossa interação na sociedade e refletem o que somos e como agimos. Somos seres individuais e juntos nos tornamos coletivos.
9-Ciência e Religião - Dussel em sua obra, como em Pedagogia do Oprimido, deixa claro que existe uma metodologia pedagógica “da dominação”, capaz de fazer o dominado introjetar a cultura imperial como única e, conseqüência, desvalorizar a própria cultura. A senhora concorda com esse ponto de vista?
Marcia Souza: Na obra Pedagogia do Oprimido, Freire destaca a revolução. Mas o que pode ser feito antes da revolução? Ele propõe a distinção entre “ação cultural” e “revolução cultural”. Para ele a ação cultural é desenvolvida em oposição à elite que controla o poder e a revolução cultural ocorre em completa harmonia com o regime revolucionário. A proposta de Freire é a noção de consciência crítica como conhecimento e prática de classe. É uma pedagogia da consciência. Em Pedagogia do Oprimido Freire enfatiza um aspecto fundamental no processo de organização política das classes sociais subordinadas: os elos entre a liderança revolucionária e as práticas das massas. Eu vejo cultura como produção, sabemos que povos que julgaram ser mais fortes dominaram e até exterminaram culturas com o etnocentrismo, que impunha a cultura do mais forte. Globalizados somos literalmente iguais, o que importa é a produção e não a predominância.
10-Ciência e Religião - Alguns pedagogos e cientistas em pedagogia, assim como também os técnicos dizem que a teoria freiriana dispensa os conteúdos escolares, a autoridade do educador ou a diretividade do processo. Como à senhora ver a sua teoria?
Marcia Souza: Vejo da seguinte maneira, se a Educação é um processo político, ela requer disciplina, organização e respeito. Freire via a educação como transformação e não contestou a organização do sistema escolar.  Lucia Alves de Sá acredita que haja pelo menos duas vertentes com as quais pode ler o pensamento pedagógico de Paulo Freire a fim de apreender o sentido da educação para a transformação. A primeira apontaria para a sua tentativa de superar todos os obstáculos contra-educativos existentes na nossa cultura, na nossa sociedade e em cada um de nós, tanto no âmbito temporal quanto no espacial. A outra analisaria o seu pensamento, tentando encontrar a originalidade do novo caminho proposto por ele.
11-Ciência e Religião - Na teoria dusseliana, em Freire e em Fiori, no sentido metafísico, a libertação não é ação fenomênica dentro do sistema?
Macia Souza: Não, porque vejo liberdade desta forma: tê-la é um valor, praticá-la é uma ação, utilizá-la é um direito, demonstrá-la é fazê-la acontecer... De uma maneira: é EDUCAÇÃO.
12-Ciência e Religião - A senhora concorda que em geral, os pedagogos e cientistas em pedagogia emperram com planejamento a mediação do sistema, sem conteúdo se preocupar no essencial, que é o objeto do próprio sistema?
Marcia Fátima: Não concordo, pois planejamento é um processo contínuo e dinâmico que consiste em um conjunto de ações intencionais, integradas, coordenadas e orientadas para tornar realidade um objetivo futuro. Muitas vezes nos deparamos com a realidade mais rápida do que os nossos objetivos e esquecemos que Educação é uma ação sistêmica e complexa. Já dizia Freire: “A educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tão pouco a sociedade muda”. E completo “freirianamente”: “Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo”.
Ninguém luta contra as forças que não compreende, cuja importância não mede,cujas formas e contornos não discerne”.  (Paulo Freire)
Obrigado a educadora, Macia Souza, por sua contribuição neste processo.  (Ciência e Religião)

domingo, 22 de maio de 2011

Procissão dos Mortos

O que estar acontecendo com o ser humano? Existe um odor forte de seres em putrefação impregnando o ar, uma insensatez que beira as raias da loucura, loucura permeado de repudiada arrogância. O homem pós-moderno está desesperadamente perdido em um “existencialismo secular”, despercebido do medo que lhe esconde a verdade, da verdade que lhe faz revelação e o conscientiza que ele nada é sem Deus. Não estou me referindo ao deus das religiões, como um fenômeno filosófico e sociológico, não! Esse transforma o ser humano em “super-homem”, dando a ele a sensação de poder, do poder que constrói deuses biológicos capaz de conduzir a muitos cegos, pelas cegueiras congênitas de manipulação das verdades, fragiliza e ordena tocaia com discursos éticos de salvação e eternidade. Não! Refiro-me ao Deus intocável e infinitamente perfeito. Com o qual o ser humano se descobre como ser pensante, extensão e movimento, constitutivo do mundo físico, incapaz de conceber o pensamento inato e só elaborar as idéias formadas pela ação dos sentidos. O homem se perdeu de Deus e se julgam alto suficientes, dando vazão os mais perversos sentidos, revertidos de sua miséria humana, preconizam a trágica subversão de humanidade. Instauro-se, além do sentido do gozo, o fetichismo compulsório e incomportáveis transe, loucura, volúpia, ódio, seus “males mais atrozes” e íntimos. O estereótipo do fingimento, sublinhando os preconceitos em um frenesi de intolerância. De má consciência se volta ao profano como sujeito concreto, na vulgar concepção da certeza do belo, da cobiça famigerada que sem razão desconstrói o outro. O ressentimento brota como tumor maligno, da malignidade forja o convívio amistoso e mata sem perdão a mão que lhe aponta o caminho. Feito holocausto de escritores maldito que desnorteado concebe a visão de horror, no verso o reverso de uma cantilena infeliz e nas mãos oferece à rosa de Hiroshima. Onde alcançar lucidez? Se o grito do gueto é de que “Deus estar morto” e que a idéia deste Deus é que nos faz subumanos, “que tudo seria permitido se Deus não existisse.” Querem culpar a Deus por suas barbáries falando que ele não estar inocente dos horrores que nós mesmos temos cometido, alheio como se não existisse ou mesmo se fingindo de morto, para não assumir a responsabilidade de ter criado o universo e colocado ali, seres que vagueiam vazios praticando toda sorte de crimes.  
Lavam as mãos de seus atos cometidos, julgam e crucificam como se deuses fossem, não há inocente! O deus que o homem concebe não é o deus verdadeiro, ele é a ferramenta, um subterfúgio de suas maldades, um meio utilizado para aliviar a consciência e justificar suas atrocidades. O deus assassino das torres do World Trade Center, do eixo religioso em que Wellington Menezes de Oliveira condenou a morte 12 crianças, o deus da Santa inquisição. Santificada seja a repugnância, deuses biológico! Porque retém em mim a capacidade de me indignar, aflora toda minha essência humana, na busca do Deus que não compactua com isso, o Deus que me faz um com ele sem a pretensão de ser maior que ele. Não! Não quero o deus de Nietzsche, muito menos “o fator deus” de Saramago, esse em seu âmago reflete a condição humana e com rancores semeiam pecados. Quero o Deus dos deuses da terra, cujo á essência não se corrompe, em gestos excede a boa mão de generosidade. O Deus que edifica muros e abranda a fúria da natureza, que diz ao mar, aquieta-te; eu sou o vosso Senhor e Deus! O Deus que não é conduzido em procissão, mais ético e moral permite a procissão dos mortos, permite que falem dele, como se intimo dele fossem, buscando sua presença em uma reza vazia de adulterações. Mais como encontrá-lo? Se os ecos de suas vozes têm “boca e não falam, tem ouvidos e não ouve, tem olhos e não vêem”. Mesmo assim ele não deixa de cuidar, de dar indistintamente a mesma misericórdia, seu grande cuidado. Metafísico e transcendente, realidade primeira e suprema. Perdoai! Santo Deus e Eterno Pai! Em seus conflitos carregam barros como formas imateriais, equilibrando-os, em andores de suas percepções deturpadas, enquanto sacia em um êxtase místico de prostituição, a mentira de suas verdades. Quero o Deus que ainda aposta no homem, que transforma o mal em bem, que ainda plasma no homem algo de bom. Quero a essência do fruto da virgem, como oferenda mais nobre em seu sangue purificador. Pobre de mim que não tem querer, a não ser o de alcançar o Deus verdadeiro, se nisso posso ele mesmo me fortalece.
       

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Dignidade Humana

A educação aos portadores de deficiência especiais ao longo da existência humana teve aspectos bastante distintos e que pode ser compreendido em momentos históricos diferenciados. A pré- histórica que se insere as sociedades primitivas, se estendendo até a Idade Média. Quando observamos dentro de um contexto primitivo, enxergamos um comportamento em que o sujeito portador de deficiência era visto de maneira supersticiosa e ainda dominada por possessão maligna. A idéia caracterizava por um conceito mágico-religioso, e retratado como uma ameaça a sociedade. O valor político extremado provocava posições de exclusão absurda. Veja! Na Antiga Grécia, as crianças que apresentavam deficiência física eram depositadas nas montanhas, ou condenadas à morte. Com isso a sociedade se eximia de responsabilidade e não se encontrava sob ameaça. Neste período com uma notada evolução social, e com a mão forte da Igreja e das religiões monoteísta, inaugura uma nova etapa no comportamento. Com um atitudes protecionistas desta sociedade, a orientação é que seria possível alcançar graças de Deus, ao dispensar aos portadores de deficiência tratamento mais digno. Desta maneira eram conduzidos para as instituições, a fim de serem vestidos e alimentados, nada mais que isso. Neste momento histórico é que foram construídos asilos e hospitais. Essa proteção tinha na verdade duas faces, uma era o recebimento da graça e a outra é que a sociedade se confronta se com sua diferença. Estes momentos são aqueles em que o deficiente não corresponde às expectativas de uma sociedade produtiva, portanto são passiveis de serem assistidos continuamente dentro de suas necessidades, figurando neste aspecto uma segunda percepção neste cenário histórico. 
 E o terceiro momento histórico atual e a meu ver mais nobre, estar na busca de uma formulação conceitual, dentro de uma perspectiva ideológica inclusiva. Se reportando ao fato ocorrido no inicio do século XVII, e isso nos servira para palmear o percurso da história, vemos a Rainha Isabel extremamente preocupada com as necessidades dos deficientes, com isso faz valer uma lei cujo objetivo é de dá ocupação, em um conjunto de medidas variadas de atividades artesanais. Embora de aspecto primário e de caráter assistencial, molda uma anatomia diferente de tudo que se a havia visto. E se mostra como algo que podia ser rentável e tornando deficientes em pessoas produtivas. O século XVIII entrou para história como um marco em desenvolvimento socioeconômico bastante relevante (com o crescimento industrial) e crescimento cientifico e pedagógico. Mesmo a Filosofia iluminista e toda a geração de riquezas neste período de desenvolvimento, no qual podemos pontuar como à: Econômica, a cientifica e a pedagógica, isso sem falar dos deficientes ilustre que despontaram neste período, essa época possibilitou nos finais do século XVIII e o principio do século XIX, situações capaz de conduzir o deficiente á uma identidade de pleno direito como cidadão. Na década de 50 o Brasil, isso depois de alguns séculos, em que o mundo se abre para a discussão do tema e sua viabilização, é que nos propomos a nos engajamos nesta temática para uma educação, para portadores de deficiência. O século XIX, mais precisamente no seu final, onde as idéias foram bastante fomentadas nesse país, ficou limitada apenas a iniciativa privada. E tais atitudes não podem afirmar que é só privilégio nosso, porque em todo mundo este empenho foi grifado pela segregação. No Brasil a educação aos portadores de doenças especiais, no trato como política pública foi assim chamada de “educação dos excepcionais”. Mais foi no ano de 1972, o MEC crio o Grupo-Tarefa de Educação Especial, este departamento foi quem formulou o primeiro projeto de Educação Especial para o país.

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