sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Homofóbico... Eu?


"Que a educação dos jovens nos dia de hoje lhes oculta o papel que a sexualidade desempenhará em suas vidas, não constitui a única censura que somos obrigados a fazer contra ela. Seu outro pecado é não prepará-lo para a agressividade da qual se acham destinados a ser tornarem objetos. Ao encaminhar os jovens para vida com essa falsa orientação psicológica, a educação se comporta como se devesse equipar pessoas que partem para expedição polar com traje de verão e mapas dos lagos italianos. Torna-se evidente, nesse fato, que se estar fazendo um certo mal uso das exigências éticas. A rigidez dessas exigências não causaria tanto prejuízo se a educação dissesse: “É assim que os homens deveriam ser para serem felizes, mas terão de levar em conta que eles não são assim”. Pelo contrário, os jovens são levados a acreditar que todos os outros são virtuosos. É nisso que se baseia a exigência de que também os jovens sejam virtuosos".
Sigmund Freud

Deduzo eu, que Sigmund Freud, jamais julgou em algum momento que seu tratado psicanalítico, pudesse servir para justificar atitudes ou mesmo de argumentos, em defesa de interesses de indivíduos homossexuais. Ele que por sua vez, postulou essa questão, como resultado da relação estabelecida com os pais e, portanto, passível de “cura”, que sempre julgou ser possível a “conversão” de homossexuais, em heterossexuais. Ver a aplicação de seus escritos, usados indevidamente fora de contexto, como manipulação argumentativa, em embate político – pedagógico, com intuito de fomentar o comportamento homossexual no âmbito escolar.
A análise da produção discursiva dos grupos homossexuais tem um caráter impositivo e não trafega no campo das ideais. Problematizando a homossexualidade e educação escolar. Não é atribuição docente plasmar aos seus alunos uma identidade sexual, mas apontar caminho para um debate salutar, onde todos tenham voz, tenham vez. Tendo como força impulsionadora, conjunto de outras aptidões; esclarecer como as ciências humanas lidam nas questões interpessoais. A tarefa de rotular e classificar as pessoas como diferente ficam a critério dos conceitos humanos, não é uma especificidade da gestão escolar.
Tais grupos como em um espelho narcisista contempla suas virtudes e visam privilégios por intermédio de leis especificas, negando ao diferente o direito de se posicionar. E os que se posiciona contrariamente são taxados por doentes; fobia (medo mórbido; aversão), quando na verdade neles, é que se instala o conflito, querendo impor por força de lei, suas condições, pelo fato de não se verem como iguais. Nisto se faz diferentes, quando essa parcela da sociedade, se julgam no direito de ter privilégio da lei.
A lei que puni a agressão ao homossexual é mesma que puni o agressor da mulher, do negro, do nordestino. E se a punição não acontece aos rigores da lei, me junto aos grupos homossexuais para fazer prevalecer os seus direitos de cidadão. Isso sim é ser igual, (homo), ao contrario da reivindicação de privilegio.
Homofóbico... Eu? Que sou oriundo da negritude deste país, que por conta de tudo isso, pela exclusão social, pelo serviço escravo de meus antepassados, nunca exigiu ser amado por ser negro! Mas que exigiu e exigi ser respeitado como cidadão deste país. Lutei e luto de forma digna, para que todos tenham direitos e possam ser vistos, em toda sua essência e brasilidade.
Homofóbico... Eu? Que mesmo nascido e criado em uma vila militar, por ser filho de militar; na mais tenra idade lutou contra o regime ditatorial que assolava nossas almas. Que muitas vezes desfilou em passeatas gritando palavras de ordem, engrossando o coro de musica de protesto, contra o regime, em pleno Rio Branco, no centro do Rio de Janeiro, vigilante e receoso das forças policiais militares. Que foi para as ruas, de maneira ordeira e pacifica reivindicar o repatriamento de nossos brasileiros no exílio, com gritos a favor de uma anistia, Ampla, geral e irrestrita. Quando um palanque era montado, lá estava eu, revigorado em meu idealismo.
Irmanados em um mesmo propósito e pelo voto democrático elegemos o presidente, após o golpe de 1964. E em um clamor popular destituímos o presidente, na ação mais democrática da história deste país. Minha cara enrugada deu vez a uma cara pintada, do qual me sinto orgulhoso por ter podido contribuir na construção da cidadania.   
Homofóbico... Eu? A onde estavam os grupos homossexuais, quando o país passava por essas transformações? Quais foram os engajamentos sociais, destes grupos? Ter direitos significa também, ter
responsabilidade. Reivindicar direitos não é necessariamente ter uma causa, não é somente fica olhando para o umbigo se achando lindo e maravilhoso. Enquanto vemos a organização de passeatas, com demonstração de orgulho Gay, como forma legitima de direito ao respeito e a dignidade, se transformar em um atentado violento ao pudor, incentivo a promiscuidade, desacato, aliciamento... Entendo que nossos irmãos homossexuais, queiram ser vistos como tais e, que pelas suas óticas prevalecem arraigados preconceitos. Mas na verdade, o que a eles passam despercebido, é que seu reconhecimento, é de cidadão; sendo comum a todos. A sobrevivência do conceito, mesmo com todas suas evidentes contradições, trata-se da manutenção e sobrevivência da humanidade. Querer motivar o comportamento homossexual no âmbito escolar, mesmo que seja em mensagem subliminar, pode impor conceito e, esse não é papel da escola. Haja! Visto o ocorrido na Alemanha, quando Hitler com seu discurso fascista alcança a escola, ai se estabeleceu o caos. Famílias são desagregadas, pais se voltaram contra filhos, filhos condenaram pais e os entrega a mão forte do nazismo. Escola é pluralidade, ela não pode ser instrumento de manipulação de determinados seguimentos, é aonde as crianças chegam com a sua leitura de mundo e, sai homens capazes de reescrevê-lo. 



quinta-feira, 5 de julho de 2012

Reflexão do Cotidiano




Primeiramente deverão saber que os impuros não poderão me tocar sem luvas, somente os castos ou os que perderam suas castidades após o casamento e não se envolveram em adultério poderão me tocar sem usar luvas, ou seja, nenhum fornicador ou adúltero poderá ter um contato direto comigo, nem nada que seja impuro poderá tocar em meu sangue, nenhum impuro pode ter contato direto com um virgem sem sua permissão, os que cuidarem de meu sepultamento deverão retirar toda a minha vestimenta, me banhar, me secar e me envolver totalmente despido em um lençol branco que está neste prédio, em uma bolsa que deixei na primeira sala do primeiro andar, após me envolverem neste lençol poderão me colocar em meu caixão. Se possível, quero ser sepultado ao lado da sepultura onde minha mãe dorme. Minha mãe se chama Dicéa Menezes de Oliveira e está sepultada no cemitério Murundu. Preciso de visita de um fiel seguidor de Deus em minha sepultura pelo menos uma vez, preciso que ele ore diante de minha sepultura pedindo o perdão de Deus pelo o que eu fiz rogando para que na sua vinda Jesus me desperte do sono da morte para a vida eterna.” “Eu deixei uma casa em Sepetiba da qual nenhum familiar precisa, existem instituições pobres, financiadas por pessoas generosas que cuidam de animais abandonados, eu quero que esse espaço onde eu passei meus últimos meses seja doado a uma dessas instituições, pois os animais são seres muito desprezados e precisam muito mais de proteção e carinho do que os seres humanos que possuem a vantagem de poder se comunicar, trabalhar para se alimentarem, por isso, os que se apropriarem de minha casa, eu peço, por favor, que tenham bom senso e cumpram o meu pedido, por cumprindo o meu pedido, automaticamente estarão cumprindo a vontade dos pais que desejavam passar esse imóvel para meu nome e todos sabem disso, senão cumprirem meu pedido, automaticamente estarão desrespeitando a vontade dos pais, o que prova que vocês não tem nenhuma consideração pelos nossos pais que já dormem, eu acredito que todos vocês tenham alguma consideração pelos nossos pais, provem isso fazendo o que eu pedi.”

Fonte: www.g1.com.br

Este texto é de uma carta deixada por Wellington Menezes de Oliveira, que vitimou 12 crianças em uma escola municipal no Rio de Janeiro.
E eu em um surto antropológico, tento decifra o indecifrável, caminhando no contexto deste texto desconexo, sem, contudo julgar o ato insano. Hoje um tanto mais maduro e capaz de avaliar sem compromete-me emocionalmente. Chego a questionar, até onde vai a nossa capacidade de adoecer as pessoas? Ou até onde alcançamos resistência pra não nos deixar adoecer? No mundo onde os valores, estão invertidos, a intolerância desafia ao bom senso e o desprezo pela dor do outro, são meros percalços de um cotidiano decadente. Onde debilidade social degenera os bons costumes, valorizando a forma ao invés do conteúdo.
Como encontrar equilíbrio? Quando o comportamento monstruoso encontra apoio de pais omissos, permissivos, entregue aos caprichos daqueles aquém deveria exercer autoridade. Filhos tiranos, saboreando o poder na mais tenra idade, sendo cruéis e mesmo malignos com aqueles aquém deveriam se submeter-se.
Em meio à bagunça organizada, invertemos papeis, quando o Estado retira do cidadão o pátrio poder, devolvendo-o, quando este por força de lei deve cumprir a pena do menor infrator. Reféns do medo, da violência, inventamos um novo adolescente, competitivo patológico, sem limites e de crueldade extremada. Extravasando sua ira, destilando seu veneno para dentro do muro da escola. Déspotas uniformizados, implacável com aquele que é diferente e que não comunga dos mesmos interesses.
A evolução é a ordem natural das coisas, mas precisamos ficar atentos, quanto aos monstros que por hora alimentamos, com doses gigantescas de impunidade.
Às vezes me questiono, onde foi parar os meus heróis de infância? Eram íntegros, honestos, se a semelhando a figura de meu pai. Que quando me administrava uma punição, era apenas um recurso pedagógico. Onde encontrar equilíbrio? De tão sedento de heróis, condecoramos o policial no comprimento, no exercício do dever. Era pra ser louvável se não fosse raros as atitudes dos policiais, por isso o ato descomunal desperta complexidade, por saber que deveria ser corriqueira e, não fato isolado da instituição que tem tanto a oferecer.
Hoje em um mundo onde não há heróis, que a violência descabida pode ser confundida como ato nobre. Vejo o vilão assumir o papel do mocinho, e sendo ovacionado por uma torcida organizada, que como regra evolucionista, são os mais forte sobrepujando a fraqueza do “inferior”, que desesperados e sozinhos, emocionalmente abalados adoecem. Assim quando um grito no silêncio ecoa, contra o seu torturador. E eles não têm cara! São todos! E até algozes de si mesmo na tentativa de amenizar a dor.
O bullying faz de todos nós vítimas, faz de todos nós passageiros do medo, não tem quem nos salve do ressoar do grito do silêncio. Surgi do nada como serpente, astuta e, sem balbuciar palavras, nos desperta á imagem de terror. Convicto do bem que fizera, repousa justificada. E em sua psique desfigurada, o gesto encontra respaldo; não importa o numero de covas. Triste caminhar da humanidade! De sentimentos plasmados no curral da superfície, não tem trilha, só medo! Não tem jeito, tem morte. 

 


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